Carlos Alberto Santos
Viaje entre sonhos e poesias
Textos
Dei uma de Sherlock Holmes.

Esse fato aconteceu comigo quando eu estava no terceiro ano de Direito,
nesta época eu já havia superado o entusiasmo do primeiro ano, quando o aluno se sente poderoso, que acha que já domina todo o conhecimento das leis, que pode se impor, mandar prender e soltar etc..

Eu gostava muito de estudar, eu gravava as aulas para depois ouvi-las novamente, coisas de aluno que sabe dar valor ao sacrifício e ao investimento.

Chegou o dia da prova de Processo Penal, a minha turma de estudos estava reunida, discutindo vários assuntos que poderiam cair na prova.

Percebemos quando o nosso colega Reginaldo, chegou todo sorridente e assoviando, aquilo me chamou a atenção.

Enquanto todos estavam uma pilha de nervos, ele chegou como se fosse um dia normal.

Aquilo me deixou intrigado, porém me concentrei em meus estudos, depois da prova comentei com o Pedro, meu amigo, sobre a minha percepção a respeito do Reginaldo.

Passado algumas semanas o professor entregou as notas, ao ver o sorriso no rosto dele, passei pelo corredor onde ele sentava e consegui ver a nota DEZ que ele havia tirado.

Passei a observar o seu comportamento, ele faltava muito, mas nos dias de provas ele estava lá.

Combinei com o Pedro para seguirmos ele,  pois achava inacreditável que tirasse nota dez em praticamente todas as matérias.

Quando o Reginaldo saia para ir embora, as vezes mais cedo, outras no horário normal, lá estávamos nós o seguindo.

Durante quatorze dias foi a mesma rotina, sem novidades, até que na véspera de uma prova, o surpreendemos entrando no carro da Coordenadora do Curso.

Aquilo nos intrigou muito. Não sabíamos qual era a relação dele com ela, a princípio pensamos que seria um caso amoroso.

Conversaram por alguns minutos, depois ele saiu do carro com um envelope nas mãos.

No dia seguinte ele demonstrou o mesmo comportamento, alegre e sorridente, sem preocupações com a prova de processo civil.

Quando o professor divulgou as notas, não deu outra, mais um dez.

Aquilo me intrigou ainda mais, precisava de respostas para algumas questões: Qual seria a ligação dele com a Coordenadora? O que continha no envelope? Teria ele um QI tão elevado?

Começamos pelo mais fácil, o nome completo da Coordenadora, constatamos que os sobrenomes eram diferentes, não tinhamos acesso para confirmar a filiação deles, só nos restava descobrir o que havia no envelope.

Já sabíamos que eles se encontravam somente perto dos dias de provas, seguimos ele a semana toda, e quando ele entrou no carro da Coordenadora, dei sinal para um rapaz que contratei, para pegar o envelope, assim que o Reginaldo saísse do carro.

E assim foi feito, com um rapidez impressionante, o rapaz tirou o envelope das mãos do Reginaldo e sumiu na escuridão do estacionamento.

Quando eu e o Pedro abrimos o envelope, bingo. Era uma cópia da prova que seria aplicada no dia seguinte.

Resolvemos ir até a direção da Universidade e falar abertamente com o Diretor, que a princípio queria por panos quentes. Porém, afirmei para ele, com argumentos convinventes, que queria os dois ali, para conversarmos juntos.

Assim foi feito, ambos chegaram nervosos, quando me viram perguntaram o que estava acontecendo.

A Coordenadora quis se impor e logo a contive, dizendo que ela não estava em posição de exigir nada.

Pois bem, intimei o Diretor para substituir a Coordenadora do Curso, caso contrário eu levaria o caso para a mídia.

A prova foi cancelada e remarcada para a semana seguinte, desta vez ninguém tinha conhecimento das questões que seriam aplicadas.

Dois dias depois, ela foi substituída e também não vimos mais o Reginaldo.

O Diretor acabou nos confessando a Coordenadora e o Reginaldo são irmãos por parte de pai, por isso o sobrenomes diferentes.

É muito provável que ele tenha se transferido para outra unidade, juntamente com a Coordenadora.
Calbertosantos
Enviado por Calbertosantos em 25/04/2020
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