Carlos Alberto Santos
Viaje entre sonhos e poesias
Textos
Nossos destinos já estavam traçados, cada um deve seguir o seu caminho.
Até completar 14 anos, Pedro era uma pessoa muito solitária, na escola não conseguia fazer amigos, todos se afastavam dele.  Sua aparência até que não era ruim, mas suas pernas longas e finas, sua falta de peso era motivo de chacotas, por isso preferia ficar sozinho.

Nas aulas de educação física, quando o professor pedia para que os alunos formassem as equipes, ele era sempre o último a ser escolhido, ninguém o queria em seu time, isso o aborrecia muito.

Pedro, sempre imaginava que essa situação um dia mudaria, ele cresceria, seu corpo ganharia massa muscular e finalmente seria “normal” como todo mundo.

De repente pensou, porque ficar esperando esse dia chegar, tenho que fazer alguma coisa para acelerar este processo, amarrou a uma árvore um saco cheio de areia, ficava esmurrando durante horas e horas, até a exaustão.

Colocava garrafas vazias enfileiradas e as contornavam com uma bola, no começo foi muito difícil, as derrubavam com frequência, mas logo sua habilidade surgiu e viu que era bom com uma bola nos pés.

Fazia flexões, barras, corria muito, os resultados não demoraram a surgir.  Com 15 anos ganhara 8 quilos de puro músculo, aos 16 outros 10 quilos.

Sua perseverança havia sido recompensada, sabia que para conquistar alguma coisa teria que lutar contra as adversidades que a vida lhe impunha.

Se tornou popular, todos o queriam em razão da habilidade conquistada, com ele a vitória era certa, tornou-se o artilheiro do time, desde então a escola passou a conquistar várias competições.

Mesmo assim, ainda continuava solitário, sentia que faltava algo, não sabia explicar.

Foi quando Mariana entrou em sua vida. Embora, estudassem na mesma escola, nunca tinham trocado mais que algumas palavras, mas sempre a via com outros olhos, os olhos de alguém apaixonado.

Até que um dia venceu a timidez e a convidou para sair, para sua surpresa, ela aceitou. Nasceu uma ligação muito forte entre eles, já estavam passando muito tempo juntos, a afinidade aumentava cada vez mais, era muito difícil ficarem separados, as despedidas demoravam horas, nenhum dos dois queria dizer a última palavra, para ficarem juntos um pouco mais.

Os pais de Mariana eram do interior de Campinas, a mandaram para a capital para estudar, ela ficou morando com a tia, uma senhora enérgica e muito autoritária.

Não gostava de ser contrariada em nada, queria que Mariana pensasse somente nos estudos, nada de namoricos e rapazes lhe chamando ou ligando em casa.  Estas eram as regras.

Quando a tia descobriu que Mariana estava namorando com Pedro, ficou transtornada, a proibiu veementemente, viviam discutindo, mas nada nem ninguém a fazia mudar de opinião.  E assim foi inevitável, o dia da separação chegou.

Mariana foi subitamente arrancada de sua vida, a tia havia mandado de volta para a casa dos pais, Pedro entrou em desespero, sentia um grande aperto no peito, o ar lhe faltava, parecia que seus pulmões iriam explodir.  

Muito jovem Pedro não sabia o que fazer, não tinha o endereço dos pais de Mariana, só sabia que moravam no interior de Campinas, em Sumarezinho.

Passaram anos e anos sem notícias, por várias vezes tentou falar com a tia de Mariana, sem sucesso, ela se negava a atendê-lo, suas palavras eram frias e dizia para esquecer Mariana e seguir a vida sem ela.

Depois de 10 anos, Pedro ainda não conseguia seguir em frente, sua vida parecia suspensa, congelada, o tempo para ele parou.

Sônia sua irmã e Messias seu cunhado, não aceitavam ver Pedro naquela situação, decidiram que iriam ajuda-lo a saber o que havia acontecido com Mariana.  Pegaram o carro e saíram com destino a Campinas, a manhã enegrecida parecia anunciar o que viria pela frente.

Finalmente chegaram em Sumarezinho, se dividiram e foram perguntando por Mariana, descrevendo-a e mostrando sua foto, foram mais de quatro horas batendo de porta em porta, mas ninguém parecia conhecê-la.

Resolveram então que já era hora de descansarem, foram para um hotel, para na manhã seguinte continuarem as buscas, não iriam desistir sem tentar por mais uma vez.

O sábado amanheceu como no dia anterior, uma manhã cinzenta, turva, sem esperanças.

Eram seis horas da tarde, quando resolveram desistir, pararam em frente à Igreja Matriz, quando uma noiva já do lado de fora, recebia os cumprimentos dos convidados.  Sônia foi a primeira a perceber, a tia de Mariana junto aos convidados.

Pedro em seguida reconheceu a noiva, seu coração disparou.  Sônia o segurou pelo braço e disse, Pedro não vá até lá, você não precisa, já sabe o que aconteceu.

Pedro contrariando o pedido da irmã, subiu os degraus que levavam ao pátio da Igreja, Mariana quando o avistou, ficou pálida, imóvel.  Sua tia tentou segurar Pedro, em vão, ele se desvencilhou e foi cumprimentar a noiva.

Naquele instante passou um filme em sua cabeça e lembrou os momentos que passaram juntos, a paixão dos dois, a felicidade, tudo não levou mais que um segundo.

Pedro desejou felicidades a ela e ao marido e falou ao seu ouvido, eu estava te esperando, virou as costas e sumiu tão rápido como havia chegado.

No caminho de volta, Pedro pediu para Messias parar o carro no acostamento, de certa forma, estava aliviado, tirou um peso enorme das costas, no momento que a viu vestida de noiva, sabia que ela não seria sua, não entendia os motivos da tia proibindo o relacionamento dos dois, só tinha uma certeza, os olhos de Mariana estavam diferentes, não via mais aquele sentimento que os faziam brilhar.

Só não entendia porque o reencontro tinha que ser justamente naquele dia.  Será que o destino estava se divertindo com ele.

Resolveram parar em um restaurante para jantar, assim que entraram foram abordados por três homens, o quarto apontava uma arma na cabeça de uma jovem, a fazendo de refém.  Em um minuto de descuido do bandido, Pedro saltou sobre ele e a jovem, conseguindo desarmá-lo, os outros três que estavam desarmados, saíram correram deixando o comparsa para trás.

A polícia chegou em seguida levando o marginal embora.  Pedro acompanhou a jovem até o hospital, pois ainda estava em estado de choque.

Não sabia porque, mas tinha que saber mais sobre ela.

Compreendeu que o destino já estava traçado e não adiantava lutar contra ele.
Calbertosantos
Enviado por Calbertosantos em 21/04/2015
Alterado em 30/05/2015
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